segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Discreto, apenas.


Incertamente acordei disposto, cansado das atuações passadas, de volta ao meu presente um tanto quanto vazio. Eu acordei, e somente acordei. Tinha tudo pra ser mais um dia comum, daqueles que eu levanto, almoço, deito, levanto, deito, e sigo esse ciclo infinito de mobilidade inútil sem fundamento e sem noção. Embora ainda assim, me sinto distante de tal fato, sinto que o tempo passou e eu preciso um pouco mais de mobilidade, ação, aventura, vulgaridade. Preciso mais de coisas que façam meu coração acelerar de medo, frustração, empolgação. Apenas isso. Há algo que normalmente não se diz, mas geralmente se sente. O telefone toca do outro lado até então não se sabe, quem te ligou infelizmente não tem a te dizer o que queres ouvir, mas é exatamente que esperava. As horas passam dentro de poucos minutos de conversa, há algo ali. São esses simples tipos de emoções que eu me refiro. Sentir a liberdade que eu tenho dentro de mim, que cada um tem dentro de si, um jeito diferente. Levantei, deitei, levantei, impossível considerar um dos melhores dias que vivi, impossível ser um dos piores, mas não foi um jeito comum de acordar. Ele, o coração, acelerou como nunca, senti que não era normal, senti que era hora de voltar. Mas, ainda tonto, não sei pra onde voltar, como, porque, em que. É difícil encarar uma aventura depois de tanto tempo de rotina assídua, de rotina ferozmente assídua. Acho que toda nossa ocupação nos impede de notarmos o quanto somos carentes de desejo, o quanto lutamos contra nós mesmos, a ponto de deixar pensarmos antes de nós. Quero sentir a brisa do mar, ao fugir. Quero viver a intensidade do bem querer ao infringir o certo. Certo? Questão discursiva, que eu prefiro chamar de momento. Um dia, quem sabe um dia. Talvez eu considere uma volta ao meu mundo, talvez uma passagem única, um momento único, talvez uma maneira de dizer “calma, eu estou chegando”. Tenho a certeza de não ter errado sempre e, é hoje, o que me fez levantar e não apenas isso. Há um rumo, tal que eu resisto a ver. Um furacão de sentimentos passará por sua vida, num momento frágil, num momento insólito. Proporcionarei-me o que até hoje ninguém foi capaz de me proporcionar, eu me proporcionarei o prazer absoluto de irracionais atitudes, irracionais conspirações, ah, sim. Eu vou sentir, eu vou vibrar, eu vou correr e pular, eu vou ouvir o mar, a musica que me acalma, a voz que me acalma, o jeito que me fascina e vou fugir dos amigos pra ficar sozinho, numa praça sob o olhar das estrelas, da lua de alguém e acima de tudo, eu voltarei. Espero não dormir, e voltar a meu ciclo infeliz. Discreto. 

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